Recentemente, mais ou menos por acaso, encontrei num determinado site, um conjunto de fotografias recentes de Viana do Alentejo, acompanhadas de um texto assinado por Isabel Joyce, que passo a transcrever:
“É uma das vilas mais airosas do Alto Alentejo, onde as suas fontes naturais têm permitido abastecer abundantemente de água as planícies secas da região desde o tempo dos romanos.
Esta abundância de água transforma os campos em redor da vila em hortas e quintas e enche as ruas de Viana do Alentejo de chafarizes: um dos mais interessantes é o belo chafariz de mármore embutido numa das esquinas da antiga Câmara Municipal.
O castelo da vila, iniciado em 1313, possui curiosas torres cilíndricas, de influência árabe, e foi remodelado no século XV.
A vizinha Igreja Matriz, do século XVI, mais parece uma fortaleza com as suas ameias e pináculos, e exibe um esplêndido portal manuelino, primorosamente trabalhado, e um interior imponente de três naves.
Não longe da vila, a enorme igreja e santuário de Nossa Senhora de Aires, erguendo-se numa bela planície, atrai peregrinos desde 1743, e as paredes interiores estão totalmente revestidas de ex-votos, cuja humildade contrasta com o rico dossel dourado do coro: isto faz que seja uma espécie de «museu» vivo de arte popular, e as festas em honra de Nossa Senhora de Aires, celebradas em Setembro e que incluem uma feira de três dias, são igualmente coloridas, com danças, cantares e uma típica tourada à vara larga.(…)”
Esta região de planícies do Alto Alentejo serve de abrigo à abetarda, uma das aves mais corpulentas da fauna nacional.”
Certamente que já há muito tempo que a srª Joyce não passa por Viana, porque da abundância de água, das quintas e hortas em redor da vila com os seus vistosos laranjais, do mármore, ou até mesmo, acrescento eu, da Fratejo (Fábrica de Rações do Alentejo)…pouco ou nada resta.
Sobram o Castelo, o santuário de Nª Srª d’Aires, os chafarizes, alguma olaria e duas unidades metalúrgicas…
A incúria ou a falta de visão estratégica, levaram a que as casas e as ruas se descaracterizassem, e aquele cunho próprio que poderia fazer da vila um importante chamariz turístico perdeu-se por completo, transformando-a na banalidade que todos podemos observar e sentir.
O Castelo fechou-se sobre si próprio, embora continue sem perceber quem virou as costas a quem, se a população, se o próprio Castelo(?). É inconcebível que a pretexto de umas quaisquer obras, permaneça encerrado meses e meses a fio, atravessando toda a Primavera e Verão!
O Santuário, por sua vez, continua entregue a si próprio… Não anda, nem desanda. Vai sobrevivendo (o que já não é nada mau)!
Quanto à abetarda, estamos falados, dão-se alvíssaras a quem a encontrar…