sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

QUANTO VALE A IMAGINAÇÃO?

O texto que se segue foi escrito por um candidato numa selecção de pessoal para a Volkswagen. O candidato foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.

"Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já fiquei debaixo do chuveiro até fazer chichi.
Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo a caminhar pelo desconhecido.
Já rapei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao fazer a barba muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.
Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí de uma escada.
Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.
Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única.
Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na água límpida de uma piscina não querendo sair de lá nunca mais, já bebi whisky até sentir os lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial, já acordei a meio da noite e senti medo de me levantar.
Já apostei que podia correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era só um meio 'para sempre'.
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegavam novos amigos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
Agora, um questionário pergunta-me, grita-me no papel: ' - Qual é a sua experiência?'
Essa pergunta fez eco no meu cérebro. 'Experiência.... 'Experiência...
Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:
- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???....."

TENHAM UM BOM NATAL

1 comentário:

  1. O texto que se segue foi escrito por um candidato ás ultimas autárquicas em Viana do Alentejo para ver se a população ia nas sua cantigas. O candidato não foi aceite e o seu texto não está a fazer furor na Internet, ele, o candidato continua a fazer figura de corpo presente.

    "Já fiz cócegas à minha secretária só para que me passasse a mão pelo lombo, já me queimei a brincar com a Rita, já fiz um balão numa estudante universitária que me estragou o casamento, já falei com o Diamantino, já fingi ser importante.
    Já quis ser astronauta, psicólogo, rei, pescador e cómico; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos as sancas de fora; já fiquei debaixo do chuveiro até fazer chichi, aliás já fiz bem melhor na parede do Jardim.
    Já dei uns beijos e uns apalpões, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo a caminhar pelo desconhecido.
    Já rapei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao fazer a barba muito apressado o que não consigo é chorar ao escutar determinada música no autocarro, pois não ando de autocarro.
    Já tentei esquecer os Zicos e descobri que são as mais difíceis de esquecer.
    Já subi às escondidas até ao terraço do Cineteatro para agarrar as mamocas da Rita, já lhe rasguei o vestido para lhe ver a fruta, já levei uma palmada.
    Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho porque os meninos me chamavam gordo; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.
    Já corri para não deixar alguém com a possibilidade de me apanhar e me dar uma coça, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única ou duas ou três, vá-lá.
    Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na água do Luso de um alguidar e barro não querendo sair de lá nunca mais, já bebi vinhaça até sentir os lábios dormentes, já olhei Viana de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
    Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial, já acordei a meio da noite e senti medo de me levantar, foi o pesadelo das eleições.
    Já apostei que podia correr descalço pela rua, mas foi só a brincar, gritei quando pus o pé no chão, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei pelo Encarregado do estaleiro e pensei que era para sempre, mas era só um meio 'para sempre'.
    Já me deitei na relva até de madrugada e vi a Rita substituir a Cidália; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegavam novos amigos e que a vida é um ir e vir permanente, passei a partir desse momento a adorar orgias.
    Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
    Agora, um questionário pergunta-me, grita-me no papel: ' - Qual é a sua experiência?'
    Essa pergunta fez eco no meu cérebro. 'Experiência.... 'Experiência...
    Será que enganar os outros é experiência?
    Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:
    - Experiência?! Quem a tem, se a cada momento aparece uma gaja nova???....."

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